Ciclo de Palestras: Convidada do curso de Psicologia afirma a importância de ampliar o olhar para o indivíduo

Luana explicou que a abordagem Socio-Histórica pode ser utilizada na atuação clínica. Foto: Divulgação

Dando continuidade ao Ciclo de Palestras iniciado no mês de maio, universitários do 3º período do curso de Psicologia da FAACZ participaram de mais uma palestra organizada pela professora, Fernanda Silva de Almeida Resende, que ministra a disciplina Teorias Socio-Históricas da Psicologia. A atividade aconteceu de forma remota, pela plataforma Teams da Microsoft, e foi acompanhada pela docente da FAACZ.

 

Foi palestrante convidada desta edição, Luana de Melo Ribas, mestre em Psicologia do Desenvolvimento Escolar pelo Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (IP/UnB). Quando falamos da Teoria Histórico-Cultural estamos falando da nossa própria vida. Isto, porque, quem se aprofunda nela entende como essa teoria se torna parte da gente, entende o nosso trabalho e o que vivemos de forma pessoal”, declarou Ribas.

 

Na ocasião, Luana explicou a possibilidade da abordagem Socio-Histórica na Psicologia, ser utilizada, também para a atuação clínica, bem como relatou um pouco de sua experiência atuando com crianças autistas na APAE em Brasília. Segundo a professora Fernanda, “a importância da fala da palestrante, foi a de ampliar o olhar dos universitários sobre a teoria e suas possibilidades na prática da Psicologia”, afirmou.

 

A palestrante declarou para os estudantes da FAACZ que foi na especialização na UnB que se deparou de fato com a Teoria Histórico-Cultural. “Precisamos ter consciência do mundo, com essa teoria entendemos que o social vem primeiro que o pessoal. A gente tem a experiência e depois temos a internalização. Nessa teoria, a gente encontra um mundo de desenvolvimento”, pontuou.

 

De acordo com Ribas é muito importante na prática o olhar sobre o mundo e o ser humano, para que de fato, enquanto psicólogos, a prática seja mais humanizada.  

 

“Às vezes a gente pega o mesmo conceito, mas temos uma interpretação diferente porque partimos do princípio de bases teóricas distintas. Acho importante a gente ter conhecimento dessa teoria. É necessário olhar para além da limitação da criança ou do indivíduo, pois no geral o que olhamos e o que a sociedade vê é a limitação. O que a criança com autismo não tem, portanto, não faz”.  

 

Também, segundo a palestrante, a Teoria Histórico-Cultural traz muito a ideia de não olhar a limitação, ou na verdade olhar, mas ir além dela. Afinal, o desenvolvimento é uma unidade e não uma interação. Todos os fatores social, biológico e histórico são misturados no indivíduo.  

 

“Essas pessoas não podem ser tratadas apenas como padrões ou limitações. Precisamos rebater essa realidade que temos hoje em nosso país, pois são rótulos que se fecham e realmente criam obstáculos até para o próprio atendimento da criança ou do indivíduo, do paciente, daquele cliente”, salientou Luana.

 

A palestrante convidada finalizou explicando que os pacientes, que são atendidos pelos psicólogos, são pessoas únicas e singulares. O importante da Teoria Histórico-Cultural é o que ela traz para o psicólogo, para que o paciente desenvolva todas as questões que precisa desenvolver. 

 

“Precisamos desconstruir a ideia que a sociedade impõe para nós, enquanto profissionais. A questão do diagnóstico é importante, porque temos a questão do olhar humano e singular na criança. Entender de que todas as pessoas e crianças têm caminhos alternativos que precisam ser trabalhados na prática clínica, entendendo a zona proximal iminente, pois é a partir dela que me desenvolvo”, alertou Ribas.

 

Durante a sua apresentação, a palestrante convidada indicou para os universitários de Psicologia da FAACZ o livro “7 Aulas de L. S. Vigotski sobre os Fundamentos da Pedologia”. A obra foi traduzida e organizada pelas professoras, Zoia Prestes e Elizabeth Tunes, publicada pela editora E-papers. O livro contém sete aulas proferidas pelo renomado pesquisador Lev Semionovitch Vigotski ao final da vida e foi transcrita por seus alunos.

 

A palestrante

 

Luana de Melo Ribas é mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Escolar pelo Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (IP/UnB). Psicóloga clínica pelo Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB), especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional pelo IP/UnB e Avaliação Psicológica pelo Instituto de Pós-Graduação e Graduação (IPoG), com formação em Neuropsicologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP).

 

Ribas também é membro do Grupo de Pesquisa Pensamento e Cultura (DGP/CNPq/UnB), INFANTIA (DGP/CNPq/UnB) e do Círculo Vigotskiano – Grupo de Estudos em Teoria Histórico-Cultural. Além disso, ela atua em clínica, escolas e também como pesquisadora visando compreender o desenvolvimento humano como um todo, considerando sua diversidade.

 

Luana estuda, especialmente, o processo do desenvolvimento a partir da brincadeira, imaginação-emoção e a importância do coletivo, com ênfase em temas relacionados ao autismo. Tem como base a Teoria Histórico-cultural a referenciando criticamente nos dias atuais. Ribas trabalha como psicóloga e tem experiência em: Avaliação Psicológica; Avaliação Neuropsicológica; Psicologia Infantil e Psicopedagogia Clínica.

 

Texto: Alessandro Bitti
E-mail: comunicacao@fsjb.edu.br
alessandro@fsjb.edu.br
 

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