Universitário de Enfermagem produz documentário sobre pandemia de Covid-19 em comunidades indígenas de Aracruz

Barreira Sanitária no KM 2 da Rod. Primo Bitti, na aldeia Caieiras Velha. Foto: Mauro Lozada.

A pandemia de Covid-19, nas comunidades indígenas de Aracruz – município pertencente ao litoral Norte do Espírito Santo –, trouxe grandes consequências no que se refere ao convívio social, cultural e psicossocial dentro das aldeias.  Com essas alterações nas mudanças e readequação comunitária, e o avanço da proliferação do vírus, foram criadas alternativas de bloqueio para tentar frear o aumento de novos casos dentro das aldeias.

 

Vivenciando e acompanhando esses acontecimentos de perto, Lorran Coutinho Pereira, estudante do 5º período do curso de Enfermagem da FAACZ e indígena Tupinikim, notou ser relevante documentar essa problemática de saúde pública no contexto indígena, tendo em vista a dimensão da gravidade social e cultural antes nunca vivenciada por seu povo em sua geração.

 

Lorran resolveu fazer um videodocumentário relatando essa trajetória de estratégia no enfrentamento a Covid-19, dentro das comunidades indígenas mais direcionado para aldeia de Caieiras Velha, na qual vive. O documentário “Efeitos e desafios no enfrentamento da pandemia da Covid-19 na população indígena Tupinikim e Guarani, na aldeia Caeiras Velha”, está disponível na plataforma digital do YouTube e pode ser acessado aqui.

 

Inquérito Sorológico na aldeia Caieiras Velha. Foto: Mauro Lozada.

Segundo o universitário indígena, a proposta deste documentário é mostrar o processo de reorganização comunitária do povo Tupinikim da aldeia Caieiras Velha, através da perspectiva indígena, afim de visibilizar os impactos e as ações de enfrentamento a Covid-19 no território indígena, no município de Aracruz.

 

“Para a construção do vídeo considerei trazer relatos de vivência, na qual inicia com falas de Cacique, lideranças e gestor de saúde indígena, que trouxeram a abordagem do que foi feito de estratégia, ações e apoios no enfrentamento a Covid-19. Em segundo momento, trouxe relatos de profissionais da saúde local, com participação da enfermeira e do farmacêutico, que abordaram a readequação estrutural e os protocolos de saúde no contexto de pandemia, com relevância aos atendimentos de indígenas com síndrome gripal”, explicou Lorran.

 

Ainda de acordo com o estudante de Enfermagem: “Por fim, no terceiro momento o documentário traz falas de indígenas que foram acometidos pelo vírus, que aceitaram de forma espontânea falar sobre a experiência vivida, relatando de forma individual, partindo da sua própria ótica cultural, sobre a sintomatologia e emoções vivenciadas na fase aguda da doença. E, a contribuição de uma indígena anciã, que faz um panorama geral sobre o seu ponto de vista em relação a pandemia, no que se refere a preocupação a continuidade das práticas culturais, uma vez que a pandemia de Covid-19 trouxe mudanças no cotidiano da aldeia”.

 

O documentário e o projeto que deu origem a ele foi divulgado em uma live de Cinema Indígena da Secretaria da Cultura do Espírito Santo (Secult), na qual Lorran Coutinho participou, trazendo uma abordagem da pandemia no campo da Saúde Indígena.

 

Texto: Alessandro Bitti
E-mail: comunicacao@fsjb.edu.br
alessandro@fsjb.edu.br
 

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