Semana da Enfermagem da FAACZ tem como tema central “Vulnerabilidades e Acesso à Saúde”

 

Fotos: Divulgação

“Vulnerabilidades e Acesso à Saúde” foi o tema central da VI Semana da Enfermagem realizada pela FAACZ, nos dias 15, 16 e 17 de maio, de forma presencial e remota. A exemplo dos anos anteriores, esta edição do evento foi organizada por uma comissão formada por professores, estudantes e preceptoras do curso de Enfermagem da FAACZ.

 

No dia 15, foi realizada a 4ª Cerimônia do Jaleco, no auditório da faculdade. Essa solenidade foi exclusiva para os professores, calouros e veteranos do curso de Enfermagem e convidados. O momento simboliza a entrega ao acadêmico do 1º período do curso de Enfermagem, a responsabilidade que é atribuída ao enfermeiro em processo de formação.

Já no dia 16, de forma online, pela plataforma Teams da Microsoft, aconteceu a mesa-redonda “Vulnerabilidades e Acesso à Saúde: Determinantes Sociais associados às situações de vulnerabilidade e acesso à saúde”, que tiveram como eixo temático “Sustentabilidade das Políticas Públicas para a redução de desigualdades e bem viver”. 

 

Participaram da mesa-redonda, a enfermeira obstetra Dominique Reis; a enfermeira Monara Vieira; a enfermeira obstetra Karina Fardin Fiorotti; a enfermeira e secretária de Saúde da Prefeitura de Aracruz, Rosiane Scarpatt Toffolli. Os professores, João Carlos Arivabene, que também é coordenador do curso de Enfermagem, e Alan Diniz Ferreira foram os moderadores do bate-papo entre essas profissionais de referência em suas respectivas áreas de atuação.

“Entendemos que esse é um momento de Ciência, por abordarmos assuntos pertinentes à nossa profissão. Espero que isso faça, mesmo que de forma gradual, a melhoria do processo de assistência na Saúde, que tanto a nossa população necessita”, disse o coordenador do curso de Enfermagem da FAACZ aos participantes da mesa-redonda, na abertura oficial da Semana da Enfermagem.

 

“Nossa Semana da Enfermagem foi pensada dentro dos eixos da ABEn. Vamos falar sobre assuntos importantes, que é o acesso à Saúde trabalhando às questões de vulnerabilidades, em especial, a social. Por conseguinte, os determinantes de Saúde e o que isso impacta em nossa população, no Sistema Único de Saúde. Por fim, esperamos conseguir atingir três objetivos principais: Saúde para todos, de forma igualitária, e na sua integralidade”, afirmou o prof. Alan Diniz.

Logo depois, a enfermeira Monara Vieira falou sobre o “Programa de Qualificação da APS com ênfase em Consultório na Rua. “Tudo o que a Estratégia de Saúde propõe é feito na rua. Sendo que, nem todo mundo que está na rua, mora de fato na rua. O Consultório na Rua pode existir em diferentes modalidades, que pode ter ou não médico, conforme sua especificidade. A equipe deste consultório é multi. Um dos principais desafios é conquistar esse público fragilizado, por vergonha ou estigma e preconceito, etc. Como equipe não estamos ali para julgar, mas para atendê-los”, alertou Vieira.

 

“É importante que toda a sociedade entenda, que as pessoas em situação de rua precisam ter acesso aos princípios básicos da Saúde. Neste local, o trabalho da Enfermagem é dinâmico. Os estados do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo são referência em Consultório na Rua. Só conseguimos proporcionar Saúde de fato às pessoas, quando ganhamos credibilidade dentro do território que atuamos. Afinal, somos a Atenção Básica da Saúde na rua, a quem necessitar de acesso”, destacou Monara durante sua apresentação.

 

Monara finalizou dizendo: “Na rua não obrigamos ninguém a aceitar o serviço, apenas o oferecemos. Na rua, enquanto profissionais da Saúde, precisamos ser resolutivos. Por isso, é importante lembrarmos sempre de três pilares dentro das práticas inovadoras em Consultório na Rua: Controle Sanitário, Clínica Ampliada e Gestão da Clínica. Portanto, o Consultório na Rua é o cuidado e acesso à Saúde da população em situação de rua”.

Em seguida, a enfermeira e secretária de Saúde da Prefeitura de Aracruz, Rosiane Scarpatt Toffolli, falou sobre “Saúde Indígena”. Antes de abordar o tema em questão, Scarpatt agradeceu à faculdade pelo seu compromisso com a educação, e por andar de mãos dadas com a municipalidade.

 

“A FAACZ tem sido uma grande parceria do município. Temos discutido várias ações em conjunto. É um campo de estágio, tem formado profissionais para estarem no mercado de trabalho, por excelência. Então, só tenho que agradecer a faculdade e a todos os seus profissionais, professores e gestores”, disse a secretária de Saúde.

 

De acordo com Scarpatt, “a Saúde Indígena, desde 2012, foi distribuída pelo subsistema de Atenção à Saúde, por conta da criação da Secretaria Nacional de Saúde Indígena, que é a SESAI. Todos os profissionais que fazem a Atenção Primária nos territórios indígenas deixaram de ser gestão municipal e passaram a ser gestão da SESAI. No município de Aracruz, das cinco equipes que temos para os quase 4.600 indígenas estão atrelados aos distritos sanitários”, explicou Rosiane.

 

“No município de Aracruz fazemos toda a parte da média complexidade ambulatorial, por exemplo, exames laboratoriais, de apoio diagnóstico. Além disso, a municipalidade disponibiliza veículo, com motorista, para que a equipe possa transitar de uma comunidade indígena a outra. Também inserimos a Saúde Indígena em nossas discussões e ações, pois entendemos que não tem como fazer Saúde no município sem ter os entes, que estão ali na ponta, que são os profissionais da Atenção Primária”, salientou a secretária de Saúde de Aracruz.

Logo depois, a enfermeira obstetra Karina Fardin Fiorotti abordou o tema “Violência” e seu reflexo dentro da Saúde, como um problema social, que vem crescendo de forma exponencial.

 

“Para falar de violência, especialmente, de violência da mulher precisamos entender o que é, e como acontece a violência social. Afinal, violência é um problema global de Saúde Pública, grave. No Brasil, começamos a dialogar sobre a violência, apenas em 2001, quando surge a Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violência”, explicou Fardin.

 

“Outro marco importante nessa trajetória é que apenas, em 2011, a violência ganhou destaque ao entrar no rol, dos agravos e de doenças da notificação compulsória. Precisamos dentro desse tema, violência, dar a atenção as minorias: Indígenas, LGBTQIA+, crianças, idosos, pessoas com transtornos ou deficiência e mulheres, ou seja, metade da população”, ressaltou a enfermeira obstetra.

 

“Violência doméstica é, portanto, algo desafiador. Por estar dentro de casa, local que deveria nos proporcionar segurança. E, ela é perpetrada por alguém, pelo qual temos algum tipo de afeto, temos uma relação. Podem ser agressores os próprios familiares das vítimas. Dessa forma, qualquer tipo de violência é resultado de uma cultura patriarcal que está vinculada aos fundamentos da nossa sociedade, que privilegia os homens e não valoriza a mulher como um sujeito de direitos”, afirmou Fardin fazendo um alerta aos participantes do evento.

Em seguida, a enfermeira obstetra Dominique Reis e mestranda em Saúde Coletiva na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), abordou o tema “Determinantes Sociais Vulnerabilidades e Acesso ao Sistema de Saúde pela População LGBTQIAPN+. “Desde a minha graduação na UFES, venho traçando a minha pesquisa no mestrado, tendo como foco a população LGBTQIAPN+. Foi na graduação que me apaixonei pela Saúde Coletiva”, relatou a mestranda e enfermeira Dominique.

 

Dando continuidade à sua apresentação, Dominique apresentou uma ilustração feita por Letícia Lanz, que é psicanalista, especialista em Gênero e Sexualidade pela UERJ e mestra em Sociologia pela UFPR. Por meio da ilustração, Dominique explicou a diferença entre os termos “Sexo”, “Gênero”, “Orientação Sexual”, “Cisgênero”, “Transgênero”, “Homossexual”, “Heterossexual”, “Bissexual”, “Assexual”, “Pansexual”. Além disso, a mestranda da UFMT falou sobre o “Dossiê de Mortes e Violência contra LGBTI+” realizado em 2022.

 

“Segundo esse dossiê, durante o ano de 2022, ocorreram 273 mortes LGBT de forma violenta no país. Dessas mortes, 228 foram assassinatos, 30 suicídios e 15 outras causas”, disse Dominique que, em seguida, abordou sobre a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) e apresentou também um apanhado histórico de contexto e luta pela conquista de direitos da população LGBT.

 

Finalizando a sua apresentação Dominique, que é mestranda em Saúde Coletiva, alertou os participantes da Semana da Enfermagem da FAACZ, que existe no país, infelizmente, a LGBTfobia nos serviços de Saúde. “A população LGBTQIAPN+, em especial, as lésbicas, mulheres bissexuais e mulheres transexuais passam pelo despreparo dos profissionais da Saúde, pela falta de acolhimento, por discriminação e invisibilidade, sem contar pelo desrespeito ao nome social, que essas pessoas querem ser chamadas e conhecidas”, alertou Reis.

“Os problemas de Saúde de pessoas travestis e transexuais são mais complexos e suas demandas são numerosas, os maiores riscos de contrair DST/AIDS e mais violência estão nessa parcela da população LGBTQIAPN+, o que torna esse grupo ainda mais vulnerável. Enfim, precisamos reconhecer que todas as formas de discriminação, como no caso das homofobias que compreendem lesbofobia, gayfobia, bifobia, travestifobia e transfobia, devem ser consideradas na determinação social de sofrimento e doença”, afirmou Dominique.

 

A Semana da Enfermagem da FAACZ terminou, no dia 17 de maio, com os minicursos, que aconteceram nas salas de aula da faculdade. Os minicursos tiveram como eixo temático “Sustentabilidade da Enfermagem com ênfase no fortalecimento ético, estético, técnico, político e científico necessários à luta pela valorização e reconhecimento social da Enfermagem”.

Os minicursos foram sobre: “Shantala – Técnica de massagem em crianças”, ministrado pela enfermeira Luana Alves Bahia Figueiredo; “Disfunções Sexuais Femininas”, ministrado pela fisioterapeuta Andressa Alves Nunes; “Laserterapia e preparo da mama para aleitamento materno”, ministrado pelas enfermeiras, Rafaela Tonon Rangel Selvatici e Tifany Rodrigues Rocha, que são egressas de 2022 do curso de Enfermagem da FAACZ; “Disfunção corporal através da eletroterapia”, ministrado pelas enfermeiras, Juliana Demuner Cardoso e Jacqueline Caetano Medeiros; “Análise de exames laboratoriais – hemograma”, ministrado pelo farmacêutico bioquímico Caio Bonfim Motta.

 

Lara Mel Gomes Cândido, aluna do 1º período do curso de Enfermagem da FAACZ, afirmou que a mesa-redonda com os profissionais da área convidados foi ótima.

 

“Gosto de como a faculdade nos proporciona ensino de maneiras diferentes. O tema proposto na mesa-redonda possibilitou a abordagem de vários assuntos decorrentes na área da Saúde que envolve, nós, enfermeiros e pacientes em inúmeras situações, e, dos assuntos abordados o que mais me chamou atenção foi sobre o acesso das lésbicas, mulheres bissexuais e mulheres transexuais ao Sistema Único de Saúde”, disse a universitária.

Ainda de acordo com a acadêmica de Enfermagem da FAACZ, “os minicursos ofertados, no último dia do evento, possibilitaram conhecimentos em áreas diferentes de atuação do enfermeiro, dentro da sociedade. E, um dos que mais me chamou atenção foi sobre Análise de exames laboratoriais – hemograma”, por isso, o escolhi. Esse curso, nos ensinou a analisar os exames e as partes que o compõe. Também, nos ensinou a fazer raspagem e analisar o sangue. Foi uma ótima experiência. Espero que tenhamos outras em breve”, disse.

 

Texto: Alessandro Bitti
E-mail: comunicacao@fsjb.edu.br
alessandro@fsjb.edu.br

 

Data da publicação: 01/06/2023

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