Setembro Verde: Doação de órgãos e transplantes foram temas de oficina com alunos de Enfermagem e Psicologia

Professor Alan Diniz na abertura da campanha “Setembro Verde” na FAACZ. Fotos: Alessandro Bitti

“A nossa primeira ação em prol do ‘Setembro Verde’ começa hoje (13/09) e teremos outra no dia 27/09, que é o Dia de Doação de Órgãos. Hoje, começamos com essa oficina de acolhimento e abordagem familiar. Durante esse mês, iremos alimentar o Instagram da campanha (@soudoadordevidas), falando sempre a respeito do que é a doação de órgãos e o que todos nós, enquanto cidadãos, precisamos saber”, disse o professor Alan Diniz na abertura da campanha “Setembro Verde” na FAACZ.

Na ocasião, os estudantes e professores dos cursos de Enfermagem e Psicologia da FAACZ participaram de uma oficina de acolhimento e abordagem familiar, ministrada pelo enfermeiro Leonardo Del-Fini Santiago, que atua na Central Estadual de Transplantes do Espírito Santo (CET/ES), órgão da Secretaria de Estado da Saúde (SESA).

O convite para realizar a oficina em Aracruz foi feito pelos professores da FAACZ, Alan Diniz e Layla Mendonça Lírio, diretamente na sede da CET/ES em Vitória. O tema central abordado pelo enfermeiro Leonardo durante a oficina foi o “Processo de Doação de Órgãos”. Em sua fala inicial, Leonardo explicou que a CET/ES fica localizada no Hospital da Polícia Militar e que possui plantão 24 horas, com enfermeiros e médicos plantonistas.

“Somos responsáveis por todo o processo de doação e de transplante realizado no Espírito Santo. Sabemos quem é o receptor, o doador e para quem vai o coração ou o rim, a córnea. Nós, organizamos e gerenciamos todo o processo. Não fazemos nada sozinhos. Contamos com o apoio dos hospitais, que são os notificadores e, principalmente, da polícia militar que muito nos ajuda disponibilizando helicóptero para levar, por exemplo, um coração de Cachoeiro até Cariacica para fazer um transplante. O coração a gente só tem quatro horas para retirar e transplantar. Temos ainda a FAB e a Infraero como parceiras”, destacou o enfermeiro da CET/ES.

Enfermeiro Leonardo Del-Fini Santiago fala sobre o “Processo de Doação de Órgãos”.

Durante a oficina, foram explicados a relação existente entre doação e transplante, bem como os tipos de doadores: doador com morte encefálica (doador de órgãos e tecidos) e doador de coração parado (doador de tecidos). Leonardo, também falou sobre a diferença entre coma e morte encefálica e que essa precisa ser notificada obrigatoriamente para todos os estabelecimentos de saúde, conforme Lei n.º 9.434, de 04/02/1997 e de acordo com a Resolução n.º 2.173, de 23/11/2017, publicada no Diário Oficial da União.

“A morte encefálica é a perda irreversível das funções do encéfalo por causa conhecida, comprovada e capaz de provocar o quadro clínico. O seu diagnóstico é de certeza absoluta. Ainda de acordo com a Resolução n.º 2.173 de 2017, deve-se iniciar o protocolo em todos os pacientes que apresentem coma não perceptivo; ausência de reatividade supraespinhal; apneia persistente”, afirmou o enfermeiro da CET/ES.

Leonardo, explicou aos presentes que: “O protocolo tem como pré-requisitos para abertura: presença de lesão encefálica de causa conhecida; ausência de fatores tratáveis que possam confundir o diagnóstico de morte encefálica; tratamento e tempo de observação em hospital; temperatura corporal (esofagiana, vesical ou retal) superior a 35ºC; saturação arterial de oxigênio acima de 94% e PA sistólica >= 100 mmHg ou PAM >= 65 mmHg (para adultos)”.

Segundo o enfermeiro da CET/ES, a notificação de morte é obrigatória segundo a Portaria 043-R de 01/06/06, publicada no Diário Oficial do Espírito Santo. “Essa notificação deve ser feita o mais próximo da hora do óbito. Daqui a pouco vocês serão profissionais atuantes no mercado e a sociedade precisa confiar no trabalho que realizam. Além disso, ela precisa dos seus profissionais empenhados no processo. Se você não acredita em doação e transplantes, sugiro que não trabalhe com isso. Precisamos de todos os profissionais de saúde empenhados nesse processo”, afirmou Leonardo.

Foram entregues aos participantes flyer com dados sobre o Instagram @soudoadordevidas

Além disso, de acordo com o enfermeiro da CET/ES: “Estamos passando por um processo muito difícil hoje na doação de transplante. Esse é o único procedimento médico que depende da generosidade de um familiar em dizer sim para a doação. Por isso, trabalhamos com campanhas incentivando a doação. Só que, além disso, precisamos capacitar os profissionais para saberem lidar com o outro, especialmente, durante uma entrevista familiar. O transplante não é cura para o paciente”, destacou.

Durante a oficina, o enfermeiro falou sobre a faixa etária para doação de órgãos e tecidos. Explicou ainda que no Espírito Santo são realizados apenas transplantes de rim, fígado, coração e córnea. E, que a lista de espera aumentou nos últimos dois anos, em virtude, da pandemia de Covid-19. Disse também quais são os fatores que contribuem para desequilíbrio entre a oferta e a demanda de órgãos/tecidos no Estado, e quais são as principais causas de recusa familiar e quem são os entes que podem fazer a doação em linha sucessória.

Ao final da oficina, foram entregues aos participantes flyer com dados sobre o Instagram (@soudoadordevidas) da campanha “Setembro Verde”, mês de sensibilização sobre doação de órgãos, com as #1salva8 #minhafamiliasabe. Tendo como slogan “Diga sim a vida, doe órgãos”. Ao enfermeiro da CET/ES foi entregue uma caneca personalizada que terá uma versão sorteada em uma ação no Instagram da campanha “Setembro Verde”. Não deixe de participar! A arte para o “Setembro Verde” foi criada de forma exclusiva para a campanha da FAACZ pela Artista Visual Tatiane Santos.

Com o intuito de diminuir o tempo de espera e potencializar o número de doações, foi criada no Brasil a campanha “Setembro Verde”, alusiva ao Dia Nacional da Doação de Órgãos, comemorado em 27 do mesmo mês, com ações de conscientização em todo o país durante o mês de setembro. O objetivo da campanha é ampliar o debate sobre o tema com depoimentos de famílias de doadores e pacientes transplantados e conteúdo informativo sobre doação de órgãos.

Alunos de Enfermagem e Psicologia participam de oficina sobre “Doação de órgãos e transplantes”

Veja a opinião de alguns estudantes sobre a atividade realizada

“Com direito a um convidado externo, falando a respeito da doação de órgãos. A oficina proporcionada pela FAACZ foi de suma importância para nosso aprendizado como futuros profissionais da área da saúde. Vários tópicos do assunto foram abordados, principalmente, relacionado à relação humana que é a chave para a realização da doação de órgãos, e um dos pilares fundamentais para a execução com êxito da nossa profissão. Foi um momento engrandecedor no âmbito profissional e pessoal”. Gabriela Lima Pereira Barbarioli Santi, aluna do 2º período de Enfermagem.

“A doação de órgãos é extremamente importante, pois um corpo pode ajudar até oito pessoas, e por ser decisão da família, essa campanha de conscientização é necessária. Os números de doação na atualidade ainda são baixos e existem filas de espera, e para mudar essa situação precisa de um trabalho de base: conscientizar a sociedade para mudar a realidade”. Samara Vitória Rocha Succi, estudante do 2° período de Psicologia.

Texto: Alessandro Bitti                                                                                   
E-mail: comunicacao@fsjb.edu.br
alessandro@fsjb.edu.br

Data da publicação: 16/09/2022