Professora e psicóloga da FAACZ fala sobre violência contra crianças e adolescentes

A professora e psicóloga, Dr.ª Juliana Baltar, fala sobre violência em nosso país. Foto: Arquivo Pessoal.

 A cada dia vários casos de violência psicológica e física contra crianças e adolescentes, incluindo a sexual, e negligência cometidas por pais/responsáveis ou familiares, são reportados ao Disque 100. Isso quer dizer, que muitos casos de violência são registrados no Brasil todos os dias. A professora e psicóloga da FAACZ, Dr.ª Juliana Gomes da Cunha Baltar, fala sobre esta triste realidade em nosso país.

 

Juliana é graduada em Psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), especialista em Dependência Química pela Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, mestre e doutora em Psicologia Social pela UFES, professora do curso de Psicologia da FAACZ e também responsável na faculdade pelo Núcleo de Orientação de Apoio Psicopedagógico (NOAPS).

 

Professora, porque é importante falar desse tema com a sociedade?

 

Dr.ª Juliana – A violência contra crianças e adolescentes perpassa a história desde tempos remotos, apesar de não ser compreendida e reconhecida como perpassante, universal e constante. Para além disso, também é histórico o fato de grande parte dos atos violentos serem perpetrados por membros da família, sobretudo pelos próprios pais das vítimas.

 

Qual o conceito de violência?

 

Dr.ª Juliana – A tipificação da violência comumente diz respeito ao postulado pela OMS que, em relação à natureza do ato violento, a subdivide em: física, sexual, psicológica e envolvendo privação ou negligência. Nestes termos, define-se o primeiro tipo de violência, sinteticamente, como atos de maior ou menor severidade, de palmadas a espancamentos ou outros atos, e que podem deixar marcas físicas, visíveis ou não.

 

Apesar da relevância de toda e qualquer forma de violência, a punição corporal e a violência física, quando comparadas às outras, parecem ter recebido atenção especial de estudiosos, organizações e governos, ainda que não seja possível isolá-la das demais formas de violência quando da sua ocorrência com uma única criança ou adolescente.

 

Existe, mundialmente, alguma iniciativa que proteja as nossas crianças e adolescentes quanto a violência?

 

Dr.ª Juliana – A Global Initiative to End All Corporal Punishiment of Children por exemplo, foi lançada em Geneva em 2001, sob apoio do United Nations Children’s Fund, da United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization, instituições de direitos e Organizações Não-Governamentais nacionais e internacionais, com os objetivos de: formar uma aliança forte de agências de direitos humanos, pessoas-chave e organizações não-governamentais contra a punição corporal; tornar a punição corporal da criança visível para construção de um mapa global da prevalência e legalidade, assegurando que as opiniões das crianças sejam ouvidas; incitar os governos a proibir sistematicamente todas as formas de castigo corporal e desenvolver programas de educação pública; promover a conscientização do direito das crianças à proteção e a educação pública sobre formas de disciplina positiva e não violenta para crianças; e fornecer assistência técnica detalhada para apoiar os Estados com essas reformas.

 

Ao todo, a iniciativa reúne mais de 50 Estados em torno da total proibição da punição corporal de crianças. Nacionalmente, o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante envolve projetos, serviços e organizações (Rede Não Bata, Eduque), além de ser preconizado pela Lei nº 13. 010 de 2014, a “Lei da Palmada”. Sinaliza-se, então, para um empenho atual do Brasil na elaboração de leis e de serviços em defesa dos direitos da criança e do adolescente em situações de violência física.

 

Qual a importância de se abordar o tema de violência com estudantes de Psicologia nos espaços universitários?

 

Dr.ª Juliana – Repercussões da violência sobre a saúde mental das vítimas e afetações sociais, além de formas de preveni-la ou intervir sobre ela são estudadas por psicólogos, sendo, neste contexto, inegável a relevância da intervenção desses profissionais. Na FAACZ, os alunos aprendem sobre a violência e suas repercussões e adquirem habilidades necessárias para agir de forma ética em situações que a envolvam.

 

Texto: Alessandro Bitti
E-mail: comunicacao@fsjb.edu.br
alessandro@fsjb.edu.br

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