“De perto, quem é normal?” foi tema de roda de conversa com alunos de Psicologia

“O dia 18 de maio é uma data importante para a Psicologia, pois entre muitas lutas uma delas é a Luta Antimanicomial. É também um dia importante para debatermos sobre as políticas públicas assistenciais, pois nessa mesma data, uma criança no Espírito Santo, em 1973, foi morta e violentada aos oito anos de idade”, disse a coordenadora do curso de Psicologia da FAACZ, prof.ª Karina Fonseca, na abertura da Roda de Conversa realizada pela plataforma Teams da Microsoft.

 

Profissionais, professores e estudantes de Psicologia e pessoas interessadas pela temática puderam participar do evento que foi aberto ao público. Para falar sobre o tema “De perto, quem é normal? 18 de maio: Dia da Luta Antimanicomial” foram palestrantes convidados os psicólogos: Míriam D’Ávila de Freitas, Andrea Romagnoli e Iago Jesus Santana.

 

Na ocasião, os palestrantes se apresentaram e falaram um pouco sobre as suas formações acadêmicas, trajetórias e experiências profissionais. A atividade foi acompanhada pela professora do curso de Psicologia, Fernanda Silva de Almeida Resende, que mediou a fala dos convidados e conduziu o momento de debates com perguntas feitas pelos alunos do curso de Psicologia da FAACZ.

 

Psicólogos falam sobre a Luta Antimanicomial no Brasil e os serviços no CAPS. Foto: Divulgação

“Trabalhar no CAPS não é fácil, mas desperta o desejo pela descoberta de algo novo. Quando se fala em saúde mental em nosso município logo se associa ao CAPS. Atendemos certa de 5.500 usuários, por isso, estamos fazendo uma triagem desses pacientes para que eles possam ser trabalhados nas unidades de saúde. O CAPS é para transtornos graves e recorrentes. Nele, fazemos acolhimento de segunda a sexta e agendamos consultas com psiquiatras e psicólogos”, explicou o coordenador do Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS II) de Aracruz, Iago Jesus Santana.

 

Segundo Iago, os indivíduos que sofrem algum tipo de transtorno precisam ser inseridos dentro de nossa sociedade e não excluídos. “As internações de pacientes acontecem apenas nos últimos casos. Por isso, precisamos esgotar todas as possibilidades de melhora. O CAPS visa a reinserção social do sujeito, fazer com que a sua família o enxergue com sua singularidade, por meio de um acompanhamento diário”, pontuou o coordenador do CAPS II.

 

“A luta do movimento antimanicomial pela reforma psiquiátrica no país já data mais de 30 anos. O movimento consiste em humanizar a atenção dada às pessoas com transtornos mentais, propondo qualidade de vida longe dos hospícios”, explicou Míriam D’Ávila que atua no CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social).

 

De acordo com Míriam: “O dia 18 de maio é lembrado pelas grandes lutas e conquistas do Movimento Antimanicomial. Essa data traz uma reflexão pelo que conquistamos, mas, acima de tudo, pelo o que ainda temos que fazer pelas pessoas que sofrem de algum tipo de transtorno mental em nosso país. O grande desafio hoje é tratarmos as pessoas sem a lógica manicomial. Somente nos anos 2000 adotamos um modelo de saúde mais aberta para a saúde mental, com o surgimento dos CAPS em vários países”.

 

“Precisamos trazer esse olhar para além de uma clínica. Temos que olhar o sujeito como um todo e traçar com esse paciente um projeto que seja compatível com as suas necessidades. Temos que ouvir sobre a vida de nosso paciente e sobre a comunidade em que ele vive. Não podemos deixar que as antigas barbáries voltem para o nosso dia a dia”, afirmou Míriam D’Ávila que é militante pela RENILA (Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial) ligada a Associação Loucos por Você em Ipatinga/MG.

 

Segundo Andrea, o processo de desinstitucionalização ocorrido no Brasil a partir de 1987 teve como uma das características mais marcantes a participação ativa do Movimento da Luta Antimanicomial. “No entanto, tal processo, apesar de constituir inúmeros avanços no campo legislativo e assistencial, apresenta ainda hoje descontinuidades e resistências em diversos espaços sociais”, afirmou a palestrante convidada.

 

“Clinica ampliada é um conceito para cuidar das pessoas. Temos um diálogo mais profundo com o paciente. Acolhemos as queixas do usuário sobre algum transtorno que há. Essa escuta ajuda o paciente a descobrir as causas de seu adoecimento, por exemplo. Ampliou-se o olhar, as ações e o acolhimento dentro dos CAPS. Hoje, precisamos conhecer esse indivíduo de uma forma muito mais ampla. É necessário brigar para temos serviços assistenciais para os nossos pacientes”, ressaltou Andrea que é especialista em Saúde Mental e Atenção Psicossocial.

 

Texto: Alessandro Bitti
E-mail: comunicacao@fsjb.edu.br
alessandro@fsjb.edu.br

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